sábado, 5 de outubro de 2019

Desencanto em relação a todos os especialistas e privações intelectuais alienantes pela difusão democratizante da ''perícia''



https://nagualbon.blogspot.com/2019/10/vertigens-pos-modernas-giddens-touraine.html

A modernidade trouxe a tensão entre a tradição e a especialidade. A "radicalização da modernidade", pela dinâmica do desacordo permanente e da crítica, gera tanto uma vida de autoridades múltiplas como desencanto em relação a todos os especialistas. Giddens considera um equívoco caracterizar essa "crise da razão" como pos-modernidade. Para ele, esse é um mundo muito mais aberto e contingente pela difusão democratizante da perícia, com profundas conseqüências sobre as rotinas e instituições. Ele prefere nomear esse processo de "difusão extensiva das instituições modernas" (Giddens, 1997:74) e adicionar, pela observação das novas circunstâncias, que a compressão do espaço e do tempo provocou uma intensificação ou reorganização das relações sociais. Em vista da globalização, acontecimentos locais são modelados por eventos ocorrendo a muitas milhas de distância e vice-versa (Giddens, 1990:69), motivando a construção de conceitos como desencaixe ou desincorporação, em que a reflexividade institucional e a especialização são erráticas ou descentralizadas:
Os mecanismos de desincorporação dependem de duas condições: o abandono do conteúdo tradicional, ou costumeiro dos contextos locais de ação, e a reorganização das relações sociais através de faixas de tempo e espaço. Os processos causais pelos quais ocorre a desincorporação são muitos, mas não é difícil entender por que a formação e a evolução dos sistemas de especialização são tão fundamentais para ela. Os sistemas de especialização descontextualizam-se como conseqüência intrínseca do caráter impessoal e contingente de suas regras de aquisição de conhecimento; como sistemas descentrados, "abrem-se" a qualquer pessoa que tenha tempo, recursos e talento para captá-los; eles podem, dessa forma, estar alocados em qualquer lugar. O local não é, de maneira alguma, uma qualidade relevante para a sua validade; e os próprios locais (...) assumem uma significação diferente dos locais tradicionais. (Giddens,

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