COMEDIE DE LA SOIF
2. L’esprit
Juifs errants de Norwège
Dites-moi la neige.
Anciens exilés chers
Dites-moi la mer.
MOI – Non, plus ces boissons pures,
Ces fleurs d’eau pour verres ;
Légendes ni figures
Ne me désaltèrent ;
Chansonnier, ta filleule
C’est ma soif si folle,
Hydre intime sans gueules
Qui mine et désole.
2- O ESPÍRITO
(tradução minha de trecho)
Judeu Errante na Noruega,
dita-me o cair da neve
nos nossos velhos exilados ternos,
conta-me o oceano.
EU ––. Non, plus ces boissons pures,
nem essas flores de floricultura
nem essas legendas e figuras,
nada disso jamais me ''desalterou''.
Chansonnier, tua afilhada
é minha Sed Non Satiata,
hidra íntima sem bocas
que mina e desola.
*
Com uma citação para terminar:
''Ó demônio sem dó! a tua chama acalma!''
(Charles Baudelaire)
3- OS AMIGOS
Les Amis (tradução minha da última estro´fe)
Qu’est l’ivresse, Amis ?
J’aime autant, mieux, même,
Pourrir dans l’étang,
Sous l’affreuse crème,
Près des bois flottants.
*
Que é a embriaguez, amigos?
É mais vantajoso pra mim
apodrecer rente ao lago,
e sob o horrendo caldo
ver lascas boiando ali.
4. Le pauvre songe
Peut-être un Soir m’attend
Où je boirai tranquille
En quelque vieille Ville,
Et mourrai plus content :
Puisque je suis patient !
Si mon mal se résigne
Si j’ai jamais quelque or,
Choisirai-je le Nord
Ou le Pays des Vignes ?…
– Ah songer est indigne
Puisque c’est pure perte !
Et si je redeviens
Le voyageur ancien,
Jamais l’auberge verte
Ne peut bien m’être ouverte.
4- O POBRE SONHO
tradução minha
A chegada da Noite atenderá
meu desejo de tranquilidade
e em qualquer velha cidade
morrerei cheio de felicidade:
sabendo o que dela esperar.
Se minha desgraça diminui
com qualquer micharia,
para o Norte marcharia
ou para onde tudo flui?
Ah! Sonhar é tão ruim
Quanto um louco empenho!
E se esbarro de novo
com aquele velho coiote,
Ah!, passo no bar do povo,
chuto a porta até de noite.
5 – Conclusion
Les pigeons qui tremblent dans la prairie,
Le gibier, qui court et qui voit la nuit,
Les bêtes des eaux, la bête asservie,
Les derniers papillons !… ont soif aussi.
Mais fondre où fond ce nuage sans guide,
– Oh ! favorisé de ce qui est frais !
Expirer en ces violettes humides
Dont les aurores chargent ces forêts ?
Mai 1872
Arthur Rimbaud, Derniers vers
5- CONCLUSÃO
tradução minha
Palomitas soltas nas explanadas,
presas que a noite vela, correndo,
e monstros aquáticos, correria
sedenta ante mariposas pousadas.
Mais fundo, fundir-me sem metas
com a nuvem, de frescor favorecido!
Expirar no colo de úmidas violetas
que mudam as florestas -- de todo alvorecido!
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