quarta-feira, 21 de agosto de 2019

FAZENDO MIRA


Quando as noções de
segurança e cidadania
pedem mira, resta-nos
a condição desperta, à deriva,
da circulação cindida
e interrompida na ponte,
sem desejo de resgate.
O preço do resgate é
o deserto da cegueira, pistola
precedida sempre pelo destino
de garganta da cidade.
Urbe ôntica sem folêgo,
encurralada, de onde falo debaixo,
fazendo mira entre pigarros.
Meia hora é a mira máxima,
minha forma de, imóvel,
anexar ao pulso o disparo.
Coluna e esforço óptico
ante a mirada telescópica
entrada em fendas de rifles
que os gradientes da audição apuram.
Quanto aos cantos da boca,
ressecam. Hipnotizado, auto-
acreditado piamente na mira,
dando-lhe forma circundante
na caça da falta culpada.
Estado figurativo policial,
estendendo armas no tempo
para sustar com balas
a concentração rente,
de foco operacional,
que emana do Poder como sorte.

KM

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