segunda-feira, 19 de agosto de 2019

TRANSDUÇÕES: UM LIVRO ABERTO NA CABEÇA

O Livro aberto na minha cabeça talvez tenha ido longe demais. Retrocedo, tento retroceder mas não consigo. Respiro fundo, estufando o peito, de modo que o maço de cigarros se destaca no bolso da minha camisa; meus ante-braços se dobram, como se puxados elas minhas veias. Quero café para pensar mais rápido, esse livro aberto na minha cabeça contém um imenso e inexplicável enigma, mais do que qualquer outro discurso. Mas, de todo modo, não e um livro, não é sobre algumas páginas dispersas que se tem que ir buscar o mistério, mas no Vazio Zen do Coração, quando sua mão se dispõe a escrevê-lo com aquela língua tão singular, de imagens e hieroglifos, poesia totalmente outra, da qual só percebem obscuras obviedades, os que aleatoriamente a enfrentam. Noster Deus IGNIS (PYR) CONSUMENS EST --- na absorção infinita daquele Fogo, eu aprendia a conversação comigo mesmo em outros termos, mergulhado em algo profundo que brilhava fora do Tempo. Aquilo me tornava organizado por dentro, surgido do quarto do nada, ato em potência, germinação sem receios das faculdades do ser, entre anúncios e predisposiçóes de movimento --- sempre o exílio surpreso de um momento, de sua saliva em mutação.

Matheus Dulci, KM

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