Matheus Dulci KM
quinta-feira, 22 de agosto de 2019
CONTINUAÇÃO EM CRISTO 3
Antes de olhar dentro dos olhos dela novamente, meus instrumentos de percepção pareceram-me ranhos difíceis, sem nome nem dente, o mesmo que ir puxando uma lata vazia na terra da mente; ou eram precisos, mas impossível verificar-lhes a precisão, na tarefa agida. Coisa de noves fora, desliguei a televisão, depois o telefone, e esperei a moça da propaganda de água tônica terminar de falar no rádio, cerco de descoisas insignificantes, niilidades ajeitando na mente ocos de algo especial para beber mais tarde, após a sauna. Serviço místico, sem volume nem olho de rua, ovo de vespa no arame. Serviço com natureza vil invisível , veia e laia, lábia sem substantivos próprios, transfazendo tudo à força de nudez recolhida de peixe, com Sabrina na mão, náusea-sereia extremamente pura de amor girando a chave na fechadura da porta, entrando definitivamente em descoisas decisivas, contínuas, da mente sub-lunar. A janela acima de sua cabeça está aberta, verifico em seus olhos fechados, empurrando os meus de volta pra dentro de si mesmos. Dois feixes de segurança automáticos, assim que me viram. O Novo Jesus também vai surgir assim, como uma chama viva de espontaneidade errática, como Espada uma insegurança que nascendo diretamente disto ''tranquiliza-nos, com amor fati medicamentoso, nietzscheano. O Corpo do Demônio , lhe falo, reluzindo um cru nos olhos, vem se armando queixo de pedra, olhos de águia, testas de ferro, se rindo falando calado, vendo-se D´Ele apenas um dente pontudo , bocejando um pouco e ''rosneando curto as meias-palavras encrespadas''. Poder de publicidade de lacaio-mídia, auto-manipulado, psicodelia e auto-ajuda falhando com a única coisa que querem: ser mídia. O assunto perde toda relevância aqui, e passamos aos artigos-citações marionetes, ao vasto colonialismo submetido que dispara acadêmico cheio de nós pelas costas, relvando sudacamente nos brejos das aparências ótimas do mundo.: ---- Trouxe meus cigarros, Sabrina? ---- a posição forçada desvirilha-lhe contra o encosto do sofá, fazendo-a mais desperta --- uma a uma as folhas com retratos escritos --- inferno das coragens --- no vapor do banho -- reajusta minha postura, meu espírito volta `a órbita obscura das lucilações conversáveis. --- Então, o que houve? --- ''Vinha reolhando, historiando a papelada'' --- ''Que a chuva limpe o que o luar não abençoou''. O poeta disse isso, K? , pergunta ela. A curva das suas costas é flexível, assim como as juntas dos seus joelhos. O texto me saía meio pré- mastigado, interpretado pelo viés do meu último livro, onde o marinheiro vai de encontro à vida se baseando em técnicas de meditação. Ri também com ela. --- Que livro é esse, O Fio da Navalha? ---- com Somerset Maughan à bordo de uma balsa, todo mundo é a mesma merda: vocação para fixar a experiência acumulada como um pano de fundo opaco. Dons da consciencia ampliada, quanto mais ampliada incluir dons e bons usos diretos da ubiquidade da energia. No amor, cabe a cada um fazer aquilo que percebe, para não perde-lo. Um Conto e Seis Vinténs tem também um lugar na casa, para passar a noite --- faço uma pausa antes de continuar, meu trunfo está nestas pausas, enquanto os outros se apressam em responder, eu disciplino, através da consciencia incriada da minha raça, o ego enluarado dela, pedaço mutilado de insulação oscilando dentro dela, através do chumbo da alma atocaiada. De esperar um momento, como se.. Parecia haver fendas e frinchas em Sabrina, oscilando entre milhares de farsas simultâneas, com vapores de noite sobre pensamentos repartidos, engatilhados para. Recebendo-se a iniciação aos poucos morre-se bem melhor, com clarividência de vazio mental, o clarão através da janela parecendo inundar minha mente com sua radiância sem dúvidas subindo das profundezas do brujo, até o aberto do fluxo-pálpebras que pensa e calcula sem ruído, numa grande força de silêncio chamada TRUQUE DO DISCIPLINADOR MENTAL , como se tudo se recombinasse dentro da mente seguido de um sempre a postos constante. Olhei para Sabrina e uma floresta de nervos parecia pular sob a pele do seu rosto. Obviamente, eu mesmo coloquei nossa trepada sob exame, invocando o hiperborianismo e o nazismo esotérico... --- Assim tornando-a subcoscientemente viva e sensível à presença de uma platéia inorgânica, sempre saudável entre os Encostos, repetindo mentalmente alguma passagem com a respiração em torno das narinas dizendo SUA PRESENÇA AQUI É ORDEM, enquanto as lembranças de biquinis de ontem se dissolvem na noite, e a paz rarefeita, mediana do lar nos bafeja por completo, com a vitalidade perversa de sua poeira. Índice vazante da imaginação, passagens de livros imaginários que nunca li, que nunca escrevi, passam na minha cabeça, qual margens de sonho que não se deixa ser sonhado inteiro, no entanto, em conferência de zumbido e informação o tempo todo, até eu largar o (meu) osso. Sófocles, Aristóteles, Platão, Spinoza, Pico Della Mirandola, Erasmo, Dante, Goethe, Ibsen, nessa mesma MANDADA (para usar um termo do garimpo, resíduo pré-histórico de biografia) enquanto outros fanáticos aparecem sub-repticiamente: Shelley, Blake, Hegel, Marx, Engels , Lênin, Bakunin, Kropotkin... e nas margens de tanta leitura culta a resposta da língua madruguenta nada na forma Bon de escrever, atravancada de Vespasianas, Mirós e Heideggers em seus vestíbulos fosforescentes, com cigarros de maconha ---- a mágica barata é a lei na Torre de Babel. Mas não completamente, se à enésima potência o EU SOU recordar sua conexão com o TODO, nos arrastando pelo cabelo até os acabamentos desnecessários, às molduras clássicas em tudo quanto escrevo (um tal polimento, uma tal pátina, que cada frase...).
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