AGORA, ALGUMAS TRADUÇÕES MINHAS, ANTECEDIDAS POR UMA ''NOTA''
Nota sobre A Tarefa do Tradutor em Walter Benjamin
Tradução: apreensão do tempo histórico como intensidade, não como cronologia. Walter Benjamin e suas teorias: a da Tradução, da Alegoria e da reprodutibilidade técnica da obra De Arte. Tradução e noção de origem, Karl Kraus ''A ORIGEM É A META'', O ORVALHAR ORIGINÁRIO DA LÍNGUA? Coleção, destilação e fixação. O colecionador filósofo, lendo sua pílha de romances policiais estrangeiros, entre uma a outra estação de trem gélida pitando o cachimbo. A noção é a de Salto Originário, a mesma usada em Heidegger: URSPRUNG. ''SALTOS E RECORTES INOVADORES QUE ESTILHAÇAM A HISTÓRIA OFICIAL''. O Historiador, o Narrador tentam ''parar o tempo'', e permitir ao passado esquecido e recalcado (Esquecimento do Ser?) surgir de novo (ent-springen, mesmo radical que Ursprung) no aberto do mundo como --- imagem do mundo? --- salto originário apropriador?), resgatado e retomado no atual, no ABERTO. Recordemos que Kierkegaard disse que ‘’o Tempo é o Pecado’’. Deter o TEMPO –a imagem móvel da Eternidade, segundo Platão – é parar o diálogo interno, ‘’parar o mundo’’. ''O fruto nutritivo do que foi historicamente compreendido tem em seu interior o tempo como semente preciosa'', nos diz Benjamin, no seu prefácio ao Drama Barroco Alemão. Teses, Origem, enteléquia, mônadas. Já sabemos nas mãos de quem o o conceito de Ursprung vai culminar, enquanto a indigência dos poetas adentra os Tempos de Penúria da Técnica. Betrachtung --- a consideração meditativa, salvar e apresentar às idéias tudo aquilo que escapa às explicações do ente. Desconfiança dos valores médios, análise do atípco, do monstruoso e do deformado. ''Nós te afirmamos: método!''. O poder traumatógeno da citação, indício de totalidade e marca notória de sua falta. Recapitulemos! Eingedenken! Todo o cuidado de fidelidade teológica da Tradição Semítica, à serviço de uma ''narrativa histórica'' marginal, quase poética. Como um quadro pendurado alto de mais dentro da minha mente (penso no quadro de Klee, o Anjo da História), o olho que tudo vê da pirâmide do dólar Escuta e Diz dos meus sonhos com sua boca de Hidra. Nós estamos tentando nos manter juntos, em busca de nosso melhor... porque... a gente pode tentar ser decente nessa vida. Se é realmente ela quem diz isso VOCÊ SABE -- BEM -- ESTOU FALANDO --- logo (hoje é segunda-feira) e ela ainda não aprontou nada demais, mas ontem: ''Eu faço o que quero com a vida dos outros, eu sou a vida, eu sou a morte''', essa era ela ontem, naquele motel. APOKATASTASIS, restitutio, sobre o futuro, inacabamento constitutivo. O URSPRUNG precisa da história para ''DIZER-SE''. Interrogações fundadoras em O Narrador? A História quer dizer-se para salvar-se, e no contexto mais diretamente político, as Teses de Benjamin convocam O Narrador e O Tradutor contra a historiografia dominante, sob suas aparências de universalidade remetendo à dominação de uma classe e à suas estratégia discursivas. ''Esta narração por demais discursiva --- Nos diz Benjamin numa das Teses sobre a História- --- deve ser interrompida, desmonsatada, recortada e entrecortada''. Obra de salvação do Ursprung, a Língua Adâmica irrompe! Emergência da Difference, no e pelo histórico a recordação e a promessa de um tempo redimido, confronto essencial da origem com a história que ecoa lancinante a NOMEAÇÃO INAUGURAL DAS COISAS PELA POESIA. A Tarefa do Tradutor também desponta no horizonte, o Acontecimento-Apropriador também é Onoma (NOME, forma privilegiada de leitura crítica) , pós-Babel. A paixão mística separa no ato o nível dos NOMES dos das FRASES, pois os NOMES tem mais apelo. Essa descida infinita dos NOMES é a História, e sob a forma privilegiada de tradição histórica torna-se novamente TRADUÇÃO, onde lemos também um desejo comum de acabamento. Meios de densidade diferentes: passagem - tra-dução, Uber-setzung -- para uma outra língua: só na diferença entre as línguas, neste intervalo doloroso que o tradutor pretende, à primeira vistam preencher, mas que, de verdade, ele revela na sua profundidade, só neste intervalo então pode-se expor a verdade das línguas. A língua da tradução envolve seu teor como um manto real de amplas dobras, a histórica como metáfora do manto real --- operação tira-poeira. Benjamin diz que a verdadeira tradução rompe com a arodem habitual da língua para manifestar nela sua ordem original . Não se trata de aclimatar palavras, como querem as ociosas leis da academia, mas de tradução como salvação. Blachot comenta muito bem: '' O tradutor... é o mestre secreto da diferença entre as línguas, não para aboli-la, mas para utiliza-la, para despertar na sua, pelas mudanças violentas ou sutis que lhe traz, uma presença daquilo que há de diferente, originariamente, no original ''.
Matheus Dulci, KM
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