quarta-feira, 11 de setembro de 2019

CÉST MA TRACE


 De vez em quando, desavisados erram
o prognóstico noturno, e o Lado Esquerdo
ri, em detrimento de todo lume.

Na mesa, olho meus livros com gulodice
quimérica. Mon souvenir --- Rien ---
Cést ma trace. Mon présent,
Cest tout ce qui passe.

Alternativa futura, ‘’amenace’’,
semente gorada do jogo: blefe,
impasse dinamarquês, xeque-mate,
gamão e street flash ---

o pensamento, cauteloso, esfriando
a confiança no próprio medo?

Agora esporra pra dentro das veias
teias de imagens sonâmbulas, sereias
que soltam a carne no limbo, meia-
-noite-e-meia.

O coração da glande late,
fio da carne sombria
que corre o vasto
do íntimo, num segundo.

Magistral aspecto de Satã!

Nem a loira do jornal da manhã,
nem o terço sexual rezado às pressas
depois, alteravam as estratégias terminais
daquelas forças mudas do mundo.

Era melhor olhar calado,
com o olhar do poema
fazendo minha sombra crescer
incendiada, a partir da coluna.

Sobrecarga nervosa, Kundalini
da imagem do mundo? Melhor
nervos de pirata, agente nu
em pedaços sujos, depois
---- mon as ira bien la tout ‘’seul’’ ---
nem mesmo um cão, um urubu...

Estarão mortos meu nome
(dizia)
ERRO E RAZÃO...

e meu coração não terá fiador honesto,
só duplicatas levadas à protesto.

nem beijo de puta cara em Santa Tereza,
nem beijo de moça da tv americana ---
persistirei a beira do caos, com certeza,
orgulhoso e sem metas (todo sujo de lama).

Outrora rajada espermática
de luz no sangue, dignidade
sonâmbula de todo vampiro,
meu silêncio estúpido
era agora também cupido?,
ou ousadia sádica inconfessa,
simulando amor sempre,
mas nascido de uma ameaça?

Matheus Dulci

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