Já me
queixei disso em algum jornal ? VEJA QUE ME IMPACIENTO DE NOVO ! O mundo logo se transformará num gigantesco
Japão deflacionário entupido de Transnacionais sentadas sobre privadas de
centenas de trilhões de dólares sem uso, como cocô boiando em água parada. Mas
se eu disser que qualquer banco de desconto é corrupção categórica a taxar o
público para o lucro privado dos donos do mundo, o povo americano declarará que
morri doido. Tentarei então não fazê-lo.
Ao menos hoje. Então por que me alegrar, neste momento (?) Sim, estou contente,
um pouco, é inevitável, mas não a ponto de bater palmas. Não responderei mais perguntas. Daqui até novembro vou tão somente me contar
minhas próprias histórias, o resto que se dane. E não serão mais do mesmo tipo;
nem bonitas nem feias, mas calmas. Histórias quase sem vida. Não faz mal. Mas
me prometo muita satisfação. Deixe-me dizer em primeiro lugar que não perdôo
ninguém. Desejo a todos meus adversários uma vida atroz e uma execrável
existência de silêncio (.) -----, eu disse. Nessas ocasiões, eu olhava para
Gisele e me perguntava, do fundo do coração, se não seria melhor poupar aquela
criança desses assuntos. Muita amante protegida (eu pensava então) se arrisca
pelo seu amante, como podemos ler nos registros de missões divinas e contos de
glória militante. E eu sou totis viribus... Sou pelo combate contra quem,
primeiro, nos force a uma guerra. Uma obra política de luxo recatado, cujas
jóias são caracteres ''avec des royaunnes épars ''. Um universo onde cada
elemento se sacrifica pela grandeza do conjunto; a singularidade, ou seja, a Rebelião de um fragmento, de um detalhe
revelador. Em breve todos dirão que compreendem minha Psique, mas sempre haverá
indivíduos viciados em controle, no esquema ''coca-cola com aspirina'', tecendo
comentários sobre a malignidade das minhas emissões.
*
Além
do mais, dizer que eu ''M´introduire dans ton histoire'' era algo bem diferente
de uma simples metáfora sexual. Com aquilo, eu tornava para sempre meus o
informe e o inarticulado presentes em Gisele, devido à uma jogada de ironia
reticente e cerimoniosa. Jamais (eu
pensava) tínhamos protagonizado uma peça tão chinesa. No nosso aposento,
naquele instante, abundavam jornais e obras clássicas de taoismo acumuladas
pelos cantos. Belo bloco duplo de meridianos à luz da lua: de l´inclination d´y
placer, tornando árida a possibilidade de acompanhar o resto da conversa
através de intérpretes. Uma intensidade de emoção acompanhada de mudez era
sempre atraente para um demônio: gozar com Gisele era mais garantido que merda
de manhã e impostos. E todo exagero de sentimentos honestos está para Satã como
o solo negro está para o agricultor que sonha com plantações futuras. ----- Até quando você seguirá me envolvendo
nessas coisas (?) (protestou Gisele) Coisas das quais não estou gostando (.)
-----, ... ouvindo-a, pensei que não
demoraria para que eu me visse novamente sozinho, sem a luz daquela bela
cabeleira, articulando hipóteses incuriosas de rebaixamentos na região do euro,
fazendo paralelos obscuros entre a crise da Europa periférica e os mercados
emergentes, em meio à longas caminhadas coom os braços estendidos, rumo à algum
esconderijo onde eu permaneceria ininterruptamente disciplinado e atento à minha
própria respiração. Não, eu nao podia recomeçar o Jogo com um exagero.
Portanto, jogaria totalmente só, impossibilitado de pensar um projeto mais
corajoso. ------ Esses são tempos muito estranhos, Gisele (eu disse) O crédito
fraco não está inibindo os investidores de se amontoarem em busca de
oportunidades, porque os lugares com rendimentos positivos estão desaparecendo
do mapa como água no ralo. Isso tem feito a taxa de captação dos países
emergentes cair, o que transforma a economia mundial numa derrisão, o que a
MINORA. Cegueira de todos os tipos possíveis e imagináveis. Acho que não
esqueci nada, dessa vez. Alavancagem crescendo e crédito caindo. Uma atitude
econômica ingênua, do blefe que exige a perfeita puerilidade antes de perder
tudo; algo do fauno que se gaba em profanar, prolongando o pensamento livre
daqueles que se divertem com a economia, como eu. Pagar aos outros e a mim
mesmo com Palavras, suspender, pela ênfase acéfala no próprio corpo, o peso de
uma realidade mundial aterradora e prosaica. Vai ser bom. Não sei. Ser claro
sem me tornar maníaco será meu compromisso com a leitora. Obviamente, que corro o risco de extinção
súbita, de um momento para o outro. Mas Baudelaire também escolheu estar sempre
em falta como uma criança. Esse era o único
meio de sustentar sua posição insustentável até o final. Mais adiante, falarei
do sentido geral ---- econômico e histórico ----- dessa maldição que pesava
sobre ele, e que agora pesa sobre mim. Da escolha que está na essência do fato
poético. Ela se dá por um tipo indescritível de excesso, sabe (?) E um cálculo
curioso está presente nela. Audácia inteiramente pagã, menos perversa do que
ingênua, e tão mais natural quanto ela se confunde com os primeiros raios de um
sol tímido roçando a relva. Tudo concorre para me encorajar, embora ainda seja
cedo demais. Toda minha vida passei me segurando para não fazer esse balanço, dizendo a mim
mesmo Cedo demais, Cedo demais. E aqui estou eu de novo discutindo essas
ninharias sem sentido. Mas não perderei o sangue-frio. Fixado enfim, traçarei a
linha e farei a soma de novo. Devo ter esquecido alguma coisa. Por Deus, devo
ter esquecido tudo..
*
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