sábado, 21 de setembro de 2019

‘’CORTEJO DE ELEMENTOS CLAROS’’, ESPREITANDO



Embrumado num escuro proposital
de bagatelas e mesquinharias rugosas,
todo núcleo factual dos acontecimentos
tornara-se fluido, com seu ‘’cortejo
de elementos claros’’ espreitando
a noite do próximo encontro, já combinado.

Toda a prontidão do ser disfarçada
nos testemunhos não-oficiais da viagem,
ferindo a insepulta aventura da Constituição
entre motivos exatos e embaraços
de última hora, rastro de rastro
escasso, fixando a meta do dia.

Aqui um sulco antigo, de luz
que opõe à ambiguidade
da situação, toda a inteligência
do sombrio, atraindo para si
toda sua linguagem pensada,
auto-consciente, alguma coisa
metamórfica advertindo:
inúmeras mínimas circunstâncias
de mofa, no sentido oculto das palavras.

Um ritmo longo demais
(reclamavam)
talvez tivesse inchado o poeta
e se instalado na poesia da
Grande Coisa, como uma cobra.

E descobrir-se assim, para o poeta
--- espalhado pelo sonho, empresário
de discursos imaginários, capitais e
‘’com este ar de jogral
mantendo querelas’’ ---
repercutia muitos as armadilhas
no caminho imaginado
e a conta alta do que viria em seguida.

De cara, ele já recriminava toda a
estrutura. Signos, indícios dentilhados
de suas próprias armadilhas, prolongando
a situação até a fatalidade mau dormida
na noite que seria como numa festa.

Mensageiros da decepção
precificavam todos seus substitutos
a postos, recontando o ocidente
de seus instantes com narrativas
e horas que ocultavam
séculos e séculos sem história.

*

Isolado na paisagem desperdiçada,
meu resto de sonho amanhecia
como um bicho dopado
e começava a distribuir-se
mentalmente
por todo o corpo dolorido
da obra, ainda na cama.


Matheus Dulci, KM

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