sexta-feira, 20 de setembro de 2019

TRÍPTICO HIPNÓTICO



I

Vulnerabilidades ‘’in’
e represália maciça à
alquimia dos acontecimentos
em suas conciliações falidas
com a seiva inventiva dos fatos?

Escalada no teatro, palco
das operações recalcitrantes
nas instáveis horas das nuvens,
contraditória luz nas ondas
que antecedem a atividade no mar.

Vulnerabilidades discutidas
honram caças de represália
na hora das caravelas!

Unidades óculos-rádio
pródigos ente chamas
e sinais cruzados
de interceptações,
passam atirando.

Envelopes aéreos
criptografados à jato
entre tiros e imobilizações
de alvo no radar, rasante.

Num momento de alarma:
a percepção do inimigo
e sua imagem de comboios-extra
gangrenando as mesas de operações.

Interpostos e balneários ocupados
e à postos toda a poesia dos
porta-aviões cemitéricos
num canto do mar noturno do golfo.

Todos bem comportando-se à
‘’este bordo’’, em função do cálculo
econômico –estratégico
e político -eleitoral
de cada bombardeio
com vítimas civis
brilhando nos drinks da mídia.

A imagem racional intervém,
meticulosa e repousante
nos crápulas que acenam entre si,
ajustando seus rostos tensos às
escutas-secretas das redes de tv.

Porta-aviões enfunados pelo vento,
inatacáveis entre os seios da
apresentadora do jornal,
na representação noturna
mítica dos americanos
deles mesmos, que um
momento de pudor
e constrita autocrítica
impede ir longe demais.


II

Exposta ao sol, a fala do poeta
vôa sem resposta, até o fruto
suculento na tensão do Ser
(da Linguagem que o concentra
e recolhe do Tempo). Anamnése.

‘’Não a lembrança do que passou,
mas a advertência do que passamos,
e nos deram apenas um minuto
para beber a eternidade’’
                            (Lêdo Ivo)

Provado num degrau do mar,
depois, no chao duro testado
em decúbito dorsal espartano
até a alcançar a visão
da grandeza de cada frase

e o porque de uma ordem narrativa inédita
determinando a aventura do pensamento
agora, máquina desejante fugaz
e demonstrável ‘’em fuga’’ – passando
metabolicamente entre as descrições.

--- passa sete serras, passa cana brava,
no clarão das águas
no brejo das almas
tudo terminava --

Nada viria a ter sentido – sentia-se ---
no terraço da vida afora
em que nos lançáramos
buscando uma depuração final
de instintos fesceninos
e façanhas de percepção
ainda nao realizadas.

Enriquecia-se o cotidiano,
‘’essas coisas que iluminam de repente
o celeiro do cotidiano’’
com outro tempo,
o tempo filtrado e
intransferível
que outorga a surpresa
à observação poética da Natureza.


III

O veneno apropriador
daquele jeito de falar
vinha dos cacoetes de fingimento
e das ligações perigosas, a nado,
com hipnoses tipo Rimbaud e
praias com sorrisos e filmes,
nessas vertigens aceitando
concentrados jogos de palavras
entre vaias e fanfarras intraduzíveis,
até descobrirmos um jeito de sermos
eternamente felizes durante os dias úteis
que dependiam somente da amplidão do céu.

Nas povoações do vir-a-ser
nossos cigarros queimavam a precisão do olhar
e fantasmas distribuíam
erudição custeada, de surpresa,
num canto de nosso avião .

O cacoete de fingimento
estalando num despertar calculado,
silencioso e confidencial ---
para as formas de tuas formas,
o nada místico intangível que
buscando inclusa arrebatada objeto
de sonho encontrei, nordésteo,
amadurado num sonho longínquo
que formula o litoral onde sopro.



Matheus Dulci, Km

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