sábado, 14 de setembro de 2019

‘’Je m ´y habituerai, ma vie n´est pas assez pesante!‘’


O desbordamento liquefacionário
absoluto. Ergiessung: desbordamiento,
deversement...o poema se esvai no Logos.
A propaganda abre um buraco negro no mundo.

Pigmentos de letra morta no chão,
o poeta torna-se errância, deriva
dentro do instante perdido do ser,
espontaneidade ainda arredia, louca.

Plenilúnio único esparzido na escuta
silenciosa do conceito-embrião.
Logos refratário na distância
impassível do Nada. Risco de Treva.

Materialismo histórico, dialética,
encabritamentos utópicos, retóricas
de jornal pra tudo --- a interpretação
marxista da história e o Market Place
aparecem juntos na vitrine da tv,
verdejando o sorriso publicitário
dos mesmos anunciantes, com uma política
repulsivamente miúda de intenção.

‘’E se ela me permitisse apartar
do abismo o Verbo, e dar direção outra
às artimanhas dos interessados
-- interéressée à quelquer manège –
 em escaramuças contra-iniciáticas?

(pergunta-se o poeta, rijo samurai)

Diz de preços, de prorrogações de etc.,
das disposições dos painéis ‘’diante de’’...
toda a engrenagem desse vazio
eletrônico-contábil, que o mundo usa
como soníferos televisivos
roteirizados hollywoodianamente
amiúde, por politicólogos disfarçados
de propaganda, constritos
contra os harakiris tântricos do poeta,
e suas seivas de emergência geológica
e seus outros ‘’estados’’ místico-poéticos  
politicamente afins... ao ‘’exercício’’
caótico das representações Bon.

Economia capitalista madura?, como
não pasmar-se com o conceito,
aflitivo pressuposto que querem
como propaganda? A mídia.

Está dito:

Uma vez que a história nunca tem
uma causa única, a personalidade
da política se afirma cada vez mais
contra a ‘’univocidade’’ que lhe atribuem.

O despedido classicismo rompe-se
reivindicando máscaras de ‘’como si’’
para encarnar seus traumas de objetivos
e valores imediatistas sem valor
contra toda baderna dos críticos puros.

Seria a prosa democrática atual,
‘’Je m ´y habituerai, ma vie n´est pas
assez pesante!‘’.

Sob tanto pretexto de valor (de mercado?)
a política descobre que não detém
tudo o que gostaria do poder.
Farce à mener par tous!

O poder -- meios e objetivos imediatos,
relação de vontades, capacidade
strictu sensu de constranger –
não esgota a motivação dos atores,
e vai do salão oval à diversidade
das especificações de comando,
presente nas relações de influência,
até perto de onde os nervos torcidos
enojam todo o corpo, mas entre nós não.

Matheus Dulci, KM

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