Os
estoicos também consideravam a paixão uma forma de KRISIS. De juízo e,
consequentemente, de discurso. A HYPERTEINOUSA TA KATA TON LOGON METRA. Que
transgredia a linguagem. Paixões da alma e linguagem. Pathos e Lógos. O
escritório estava meio escuro, naquele momento, apesar da porta e da janela
abertas à grande claridade lá fora. Por essas aberturas estreitas e distantes
uma da outra, a luz jorrava. Ou antes iluminava um pequeno espaço resplandecente,
a mesa e o rosto de Klara, e depois minguava. Voltado em silêncio para o rosto
dela, eu também me sentia iluminado.
*
Entrevistador
-¿Aquello que resiste al análisis del acontecimiento
es lo que podríamos denominar lo indeconstructible? ¿Existe lo
Indeconstructible? ¿En qué consiste?
Jacques
Derrida
-Lo indeconstructible, si lo hay, sería la justicia.
El derecho es deconstructible, afortunadamente: es indefinidamente perfectible.
Me tienta entender la justicia hoy en día como el mejor nombre para aquello que
no se deja deconstruir, es decir aquello que da su movimiento a la
deconstrucción, que la justifica. Es la experiencia afirmativa de la venida del
(lo) otro como otro: más vale que algo suceda que lo contrario (experiencia del
acontecimiento que no se deja simplemente traducir en una ontología que algo
sea, que el ente sea antes que nada). La apertura del futuro vale más, ése es
el axioma de la deconstrucción, aquello a partir de lo cual ésta siempre se
puso en movimiento y lo que la liga, como el futuro mismo, a la alteridad, a la
dignidad sin precio de la alteridad, es decir a la justicia. Es también la
democracia como democracia venidera. Es posible imaginar la objeción. Alguien
les diría, por ejemplo: “A veces vale más que esto o aquello no suceda. La
justicia ordena impedir que ciertos acontecimientos sucedan (ciertos ‘recién
llegados’ lleguen). El acontecimiento no es bueno en sí, el futuro no es
incondicionalmente preferible”. Es cierto, pero siempre podrá mostrarse que
aquello a lo que uno se opone, cuando prefiere condicionalmente que esto o
aquello no se produzca, es algo de lo que piensa, con razón o sin ella, que
obstruye el horizonte o que simplemente forma el horizonte (palabra que quiere
decir el límite) para la venida de cualquier otro, para el futuro mismo. Hay
allí una estructura mesiánica (si no un mesianismo; en mi librito sobre Marx
distingo también lo mesiánico como dimensión universal de la experiencia, de
todos los mesianismos determinados) que anuda indisociablemente entre sí la
promesa del recién llegado, lo imprevisible del futuro y la justicia. No puedo
reconstruir aquí esa demostración y reconozco que la palabra justicia puede
parecer equívoca. No es el derecho, excede y funda los Derechos del Hombre, no
es tampoco la justicia distributiva, ni siquiera es, en el sentido tradicional
del término, el respeto del otro como sujeto humano, es la experiencia del otro
como otro, el hecho de que yo deje al otro ser otro, lo que supone un don sin
restitución, reapropiación ni jurisdicción. Cruzaré aquí, desplazándolas un
poco, como intenté hacerlo en otra parte,[viii] las herencias de varias
tradiciones: la de Lévinas cuando define simplemente la relación con el otro
como justicia (“la relación con el prójimo, es decir la justicia”[ix]) y la que
insiste a través de un pensamiento paradójico cuya formulación en principio
plotiniana se encuentra en Heidegger y luego en Lacan: dar no sólo lo que se
tiene sino lo que no se tiene. Este exceso desborda el presente, la propiedad,
la restitución y sin duda también el derecho, la moral y la política, siendo
así que debía aspirarlas o inspirarlas.
DOUTRINA DA FELICIDADE
Helás
! Diga-se a verdade: no dia em que eu quis tirar aquilo absolutamente a limpo,
percebi que já era tarde demais. Nas minhas fileiras de livros, tinha aprendido
que o excesso de vocação para falar era uma força ao meu dispor. Nenhuma paixão
era mais verdadeira que a minha voz. Uma paixão relacionada com os propósitos
de realizar minha visão sobre a terra. Evidentemente, muitos a supunham uma
insensatez. Eu apenas lamentava não terem podido me compreender a tempo de
poderem se aproveitar disso. Não havia agora uma única questão sobre a qual eu
não fosse conclusivo. Pensava que um Dyani-Budha tinha que ser infalível, e
era. ------ A palavra ética (eu disse
no meu último discurso), quando do seu aparecimento nas escolas filosóficas
gregas, significava ''Doutrina da Felicidade''. Portanto, um grande apetite
pelo sucesso teria que despertar, antes, necessariamente, nossa ética (.)
-----, concluía. Ouvindo-me, muitos
democratas consultavam suas próprias ambições como se fossem a parte mais
retirada de sua vida emocional. A ambição democrata era realmente a mais
secreta, cujo leito era um caos de raízes nodosas, escorregadias, pedras e lama
enrijecida que esfrangalhavam muitas convicções republicanas antigas sobre a
inviolabilidade da própria honra. Com demasiada frequência, as ambições
liberais se tornavam tão cegas quanto uma foice. Tão cegas quanto um martelo.
Uma noite, como era comum acontecer, Klara não conseguiu dormir e me telefonou.
Eu estava deitado na cama, meditando completamente nu. Ela disse: ------Seu discurso sobre ética e
felicidade foi perturbador (.) Achei incrível a forma como você conseguiu
sublimar a menção de que os gregos relacionavam o Daimonion com a Felicidade
(Eudaimonion). O anjo realmente almejava à felicidade, e essa só era alcançada
através da redenção. O entusiasmo da ''única vez '' , da ''Einmaligen'', do
''Novo'', do '' ainda não vivido '', se unindo à beatitude da recuperação da
experiência já vivida. Essa é a nossa maneira de enxergar a Rússia do Presidente
Putin, no momento. Hoje ela é muito menos poderosa do que a União Soviética do
anos 1950, mas sua influência cresceu assustadoramente. O ''exibicionismo'' bélico dos russos, graças à expansão do espetáculo
midiático, hoje repercute com mais contundência que as manobras da Guerra Fria.
E mais instantaneamente. Nesse exato momento, por exemplo, o Presidente
Putin negocia a entrega à Teerã de um
gigantesco contrato de mísseis anti-aéreos S-300, de última geração. E por
maiores que sejam as pressões ocidentais, a tendência é que Putin as ignore
completamente (risos) ou se justifique dizendo que há tempos a Guarda
Revolucionária do Irã luta na Síria ao lado deles e do Hezbollah (.)-------,
ela disse, de forma irônica. O horário também era irônico: 03:15 da madrugada.
Julgando-a, eu não a apresentaria como ''sinistra '', Mas meu interesse por
Klara, como personagem, era genuíno. Quando me levantei da cama para procurar
meus cigarros, um gota de mel transparente rolou da minha glande. Ela não
poderia ter entendido o tamanho do meu autocontrole, se estivesse ali comigo.
Ou como eu conseguia subjugar a matéria depois de tantos beijos. Se isso era
demoníaco ou não, para ela não importava. Eu continuava sendo um romancista sem
roupa num apartamento, em busca de seus cigarros . Apesar do meu andar
estranho, minhas pausas e investidas. Desde o início dos seus serviços, eu
mesmo a instruíra a não prestar atenção nisso e fazer da humanidade um estudo
constante e obstinado, pretendendo estimula-la, com isso, a sentir-se próxima
do que era divino nos seres humanos, e não nas minhas excentricidades. Isso (eu
dizia a ela) te deixará alerta aos despojos que saem de todos eles depois de um
''choque'' de realidade .
Eu
faria o possível para que nenhum deles visse no meu comportamento qualquer tipo
de afronta. Mas, pensando bem, os nervos estavam tão a flor da pele, que
qualquer movimento meu naquele território, fosse o de um pássaro cinzento
sobrevoando ou levantando vôo, os faria levantar a cabeça e arregalar os olhos.
Nada
mais se passaria ali à revelia daqueles personagens . Um ''impasse dinamarquês''.
------ Quando Walter Benjamin adquiriu o
quadro de Paul Klee (Klara falou ), o Angelus Novus, ele não relacionou a
imagem imediatamente à uma idéia satânico-luciferina. O anjo ainda não estava
imerso na aura de melancolia do seu ''Conceito de materialismo histórico''. O
caráter satânico do anjo de Klee é sublinhado depois , inspirada por uma
releitura do poeta Charles Baudelaire, com a metáfora sobre as garras e as asas
afiadas como lâminas. Mas nenhum anjo, exceto Lúcifer, possui garras. Nos
Estados Unidos, é o DUMB ASS (,) Na Inglaterra, o BLOODY FOOL (.) Na França, o
L´ÂME SIMPLE (.) Na Itália, o GRAN
DIÁVOLO (.) Entre os espanhóis, o GRANDE PAYASO (.) Mas é do alemão DUMMKOPF
que virá, espero, nossa determinação de nos afastarmos de uma certa fraqueza: a
da admiração relutante pela falsa idéia de Onipotência.
Matheus Dulci, KM
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