A
negociação ou a guerra?
Falsa, a
negociação implica
dar
vantagens concordes, limitadas,
e
aguardar o erro do inimigo
no flanco
militar carbonizado –-
mas é no
ar condicionado das salas
que a
guerra sopra cegamente
seu vento
litúrgico: no percurso
ferido
das águas, o mar aberto
repassa
dores constantes, estranhas
cascas de
estorvo político
entre
naus errantes, cantam
temores e
apreensões marinhas.
Cheia de
olhares rumorosos, a
agua fria
da guerra desvairada
dos oceanos,
murmura falsamente
no
litoral do peito a conciliação
dos
interesses, dando a ela
a forma
exata de um acordo negociado.
Negociam
enquanto se enfrentam,
querem um
purgatório funcional
ao invés
de um inferno de caminhos
vencidos,
diplomaticamente, a nados arfantes.
De afogado
para afogado, logo
percebe-se
que (ostendit incitatque)
um
maquiavelismo razoável
interfere
nos submarinos
da
marinha americana,
e um
armistício surreal
continua
a guerra
‘’por
outros meios’’.
Exércitos
regulares de demarcação
aparecem
ao fundo da reportagem,
embarcando
para um acordo ‘’não-negociado’’
explicitamente
na linha de tiro,
onde
as zonas de influência
chocam-se
com outras causas.
Última
trincheira diplomática
submergindo
nas entranhas
da
maresia, liquefação de um
mar
escuro em vagas desordenadas
de
críticas desconfiadas de tudo.
Realista e útil, a cabeça fria
é maquiavélica,
e sua diplomacia
de
gabinete coNfunde
cinicamente
todo acordo
com os mútuos
disparos
do que se
quer na prática.
‘’Empresta-me
tua concepção de mundo
por cinco
minutos – diz o poeta ---
e tornar-me-ei
teu palhaço favorito!
E de
tanto rir: a extensão da bile
no âmago
de teu esôfago,
onde toda
lógica morre asfixiada
‘’aziaticamente’’,
‘’golfando’’.
‘’Razoáveis
os interesses em jogo’’
-- continua
o palhaço, ou melhor, o poeta ---
‘’Contudo,
a bula das hostilidades não
bastará para
estancar nosso riso
com os
ardis gelados da fala fria
e seus
roteiros de armadilha faminta’’.
No
submarino nuclear do corpo
pulsa o
rumo da linguagem manipulada,
no idioma
amargo do espanto
nadando
nas artérias,
em que o
aceno do ofídio
salpica
de ódio toda as palavras
num único ‘’bote’’.
Matheus Dulci, KM
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