segunda-feira, 23 de setembro de 2019

IMPOSSIBLE MORNING




Das alturas luminosas insondáveis,
do discurso esotérico especial ---
‘’reivindicando a autoridade do iniciado
verborragicamente’’ --- de volta ao perempto,
restos de simulação da hora sonhada:
salsugem íntima e cuspe oceânico
regressando entre as fragatas.

Mar sub-júdice, reagrupado pelo Pleno
em antes e depois, ressurrecto
após o precipício gritado aos séculos
e a cegueira das estátuas de cálculo frio
andando sonâmbulas no pátio, vertigens
entranhadas no próprio cenho...

Mar em estado puro, faminto
de improvisos e mormaços radioativos,
de joelhos, para que seu mistério
impere, desfabulado, nos degraus do artifício.

Narro aqui a turbulência instantânea
maturada como escala, bagaço de
via diplomática intermediária, incendiária
cortina que o mundo culmina nas alturas
de soturnos estratagemas.

Respirar a glória de estar só
e à salvo, não enriquece muito
o poema entre setas, que Deus,
onde a vida real é imaginada,
expõe à claridade imóvel da manhã,
isento das estátuas destroçadas.

Manhã, água inaugural e rajada fria
de enunciação, onde tocar qualquer coisa
instala antilhas sombrias no tato
e ‘’instantes estacionários em seus
começos totais’’.

Esse monólogo divino entre setas
nos tornou todos mais secretos
no transitório-assombro que o aborda.

Vós, que sois tão rápidos,
vejam as perspectivas refletidas
nos horizontes expulsos, na água
acima da zona onde a linguagem
leva tudo de roldão, sem intérpretes.

Mal-entendidos testados
pela retórica, até o pó,
num aclive transtornado
do mar se aventuram.


Matheus Dulci, KM

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